No verão passado, a startup de mineração KoBold se destacou ao afirmar ter descoberto na Zâmbia um dos maiores depósitos de cobre do mundo em mais de uma década.
Agora, outra startup, Earth AI, revelou uma descoberta própria: depósitos promissores de minerais críticos em regiões da Austrália que haviam sido ignoradas por outras empresas de mineração por décadas. Embora ainda não se saiba se esses depósitos são tão abundantes quanto os da KoBold, a notícia indica que os futuros suprimentos desses minerais poderão surgir a partir da combinação de dados de campo analisados por inteligência artificial.
“A verdadeira fronteira [na mineração] não é tanto geográfica quanto tecnológica”, afirmou Roman Teslyuk, fundador e CEO da Earth AI.
A Earth AI identificou depósitos de cobre, cobalto e ouro no Território do Norte e depósitos de prata, molibdênio e estanho em outro local em New South Wales, a 500 quilômetros a noroeste de Sydney.
Créditos da imagem: Earth AI
A empresa descobriu depósitos promissores de minerais críticos em duas regiões da Austrália que haviam sido previamente negligenciadas. A Earth AI surgiu durante os estudos de pós-graduação de Teslyuk. Nativo da Ucrânia, ele cursava o doutorado na Universidade de Sydney, onde se familiarizou com a indústria de mineração australiana. Nesse país, o governo detém os direitos sobre os depósitos minerais e os arrenda por períodos de seis anos. Desde a década de 1970, as empresas de exploração são obrigadas a enviar seus dados para um arquivo nacional.
“Por algum motivo, ninguém está utilizando esses dados. Se eu conseguisse criar um algoritmo que absorvesse todo esse conhecimento e aprendesse com os fracassos e sucessos de milhões de geólogos do passado, eu poderia fazer previsões muito melhores sobre onde encontrar minerais no futuro”, explicou Teslyuk.
Inicialmente, Teslyuk fundou a Earth AI como uma empresa de software voltada a prever potenciais depósitos minerais, buscando, depois, clientes interessados em explorar esses locais com mais profundidade. No entanto, os clientes demonstraram receio em investir, em parte, por não querer arriscar milhões com as previsões de uma tecnologia ainda não comprovada.
“A mineração é uma indústria muito conservadora. Tudo o que foge do dogma aprovado é considerado heresia”, disse ele.
Dessa forma, a Earth AI decidiu desenvolver seu próprio equipamento de perfuração para comprovar que os locais identificados eram tão promissores quanto sugeria seu software. A empresa foi selecionada para a turma de primavera de 2019 do Y Combinator e passou os anos seguintes aprimorando seu hardware e software. Em janeiro, a Earth AI levantou US$ 20 milhões em uma rodada de financiamento Série B.
Embora a empresa utilize inteligência artificial para buscar minerais, de forma semelhante à KoBold, Teslyuk ressalta que a abordagem é diferente. Segundo ele, os algoritmos da Earth AI são treinados para escanear amplas áreas de forma rápida e eficiente, encontrando depósitos que, de outra forma, poderiam passar despercebidos.
“A forma como costumávamos explorar metais no passado, no século XX, levava muito, muito tempo. Levava décadas para se encontrar algo. Com o ritmo acelerado do mundo atual, simplesmente não podemos esperar tanto tempo”, afirmou Teslyuk.